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Relatório de vindima
2022: Um grande desafio superado com sucesso

O ano vitícola 2021/22 revelou-se um ano quente e seco, do inverno ao verão.Os últimos meses do ano passado deram-nos sinais que nos permitiram, logo à partida, antever aquela que seria uma vindima desafiante e exigente, que colocou à prova a dedicação, o trabalho e a capacidade de resposta de toda a nossa equipa envolvida neste processo, fora e dentro da adega.

O mês de julho de 2022 foi o mais quente dos últimos 92 anos, um pouco por todo o país, fazendo-se sentir a temperatura mais elevada de sempre precisamente nesta zona do Pinhão.

Dados do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera)

A Natureza a testar as nossas capacidades.

As colheitas deste ano foram marcadas por uma precipitação escassa ao longo da maior parte do ciclo vegetativo, que registou níveis muito abaixo da normal climatológica em quase todos os meses, enquanto que as altas temperaturas somaram recordes. A conjugação destes fatores contribuiu para que, no final do mês de junho, a região do Douro se encontrasse já num estado de seca severa.

No final de agosto, chegou a verificar-se na Quinta de S. Luiz - a propriedade onde a Sogevinus centraliza a sua atividade na região, situada na freguesia de Adorigo, próxima do Pinhão – um registo de precipitação de apenas 184 mm, o correspondente a um valor 65% abaixo da média. Na mesma altura, e olhando para aquele que foi o somatório dos meses de junho, julho e agosto no que toca à temperatura, tivemos 58% dos dias a alcançar valores máximos superiores a 35ºC, sendo que em 23 desses dias os termómetros chegaram mesmo a ultrapassar os 39ºC. De notar ainda que, segundo os dados do IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o mês de julho de 2022 foi o mais quente dos últimos 92 anos, um pouco por todo o país, fazendo-se sentir a temperatura mais elevada de sempre precisamente nesta zona do Pinhão, onde a estação meteorológica registou uns impressionantes 47ºC.

Esta onda de calor traduziu-se numa situação mais preocupante para as vinhas situadas em cotas baixas, tanto na zona do Cima Corgo, como na sub-região do Douro Superior. Já para as vinhas em cotas altas e no Baixo Corgo, as condições foram um pouco mais amenas.

Ainda que o ciclo vegetativo se tenha iniciado com um ligeiro atraso relativamente ao expectável, este tempo acabou por ser rapidamente recuperado na fase de floração das videiras, mantendo-se até uma ligeira antecipação face aos valores médios da região. No que toca à problemática de doenças e pragas, esta questão não se manifestou com especial significado, uma vez que as condições meteorológicas foram sempre desfavoráveis ao seu desenvolvimento, pelo que podemos, assim, considerar que não tiveram impacto na produção deste ano.

Envoltos neste contexto, fomos colocados perante uma vindima com uma janela de maturação mais curta do que o habitual, onde a atenção ao detalhe em cada parcela e o controlo permanente do estado de maturação das uvas foram fatores decisivos para o sucesso da nossa missão e para a obtenção de vinhos de boa qualidade e com potencial de guarda.

“"Considerando as duras condições enfrentadas pela nossa viticultura este ano, e com base nas nossas observações até à data, estamos confiantes de que as nossas vinhas têm estado à altura do desafio, produzindo resultados surpreendentes."

Carlos Alves, Diretor de Viticultura e Enologia da Sogevinus

Uma vindima planeada ao detalhe.

Os vinhos brancos DOC Douro foram o alvo da nossa primeira vindima. A 18 de agosto, demos início às operações com a casta Viosinho das vinhas da Quinta de S. Luiz, na cota mais baixa, onde as amostras de controlo de maturação apresentavam já bons teores de álcool e de acidez. Cinco dias depois, seguiu-se a vindima para os vinhos tintos, cabendo o pontapé de partida à casta Touriga Nacional existente na Quinta do Arnozelo, situada no Douro Superior.

No final do mês, a 29 de agosto, foi a vez de arrancar a vindima para os vinhos do Porto. As castas brancas das zonas mais baixas foram as primeiras, tendo em conta a sua expressão ótima de teor de açúcar, elemento fundamental para elaborar vinhos brancos de excelente qualidade. A 1 de setembro, iniciámos o corte das uvas tintas da sub-região do Douro Superior, onde tínhamos uvas em elevado stress hídrico devido à falta de água no solo e às elevadas temperaturas que se registaram durante todo o mês de agosto. Neste período, o calor excecional continuava a fazer-se sentir, com valores acima dos 40ºC, o que nos obrigou a acelerar o corte das uvas, tanto brancas como tintas. A necessidade de programar, ao detalhe, as prioridades de colheita, de definir a quantidade de uvas a vindimar por dia e de selecionar o modo de transporte e os processos de vinificação foram tarefas incontornáveis, que se revelaram ainda mais exigentes e relevantes do que no ano anterior. Assistimos a uma maturação precoce e quase simultânea em todas as castas e sub-regiões, o que tornou premente a análise e a organização de todos os pormenores da operação, de forma a assegurar que, no final, os vinhos seriam capazes de repercutir o máximo potencial do fruto e do ano.

Toda a equipa, sem exceção, abraçou este desafio com uma determinação e uma entrega inexcedíveis, tendo sido este um elemento crucial para os resultados obtidos.

“Em geral, devido à excelente saúde das uvas durante a vindima, os vinhos do Porto produzidos a partir da colheita de 2022 apresentam aromas invulgarmente limpos e cores extremamente intensas.”

Carlos Alves, Diretor de Viticultura e Enologia da Sogevinus

O esforço que deu (bons) frutos

Tendo em conta os duros testes que a nossa viticultura teve, este ano, de enfrentar, podemos afirmar, com base no que conseguimos observar até ao momento, que as vinhas estiveram à altura do desafio, entregando-nos resultados surpreendentes.

Vinhos do porto com personalidade vincada

De uma maneira geral, e devido ao excelente estado sanitário que as uvas apresentaram durante a vindima, os vinhos do Porto produzidos na vindima de 2022 surgem com aromas muito limpos e cores extremamente vivas

Os brancos apresentam-se aromáticos, frescos e com um volume de boca fenomenal. Quanto às castas, voltamos a ter este ano a casta Viosinho com uma excelente performance, à qual se junta também a Malvasia Fina e a Gouveio.

Os tintos revelam-se elegantes, muito perfumados e com uma intensidade tânica muito significativa, que lhes confere um elevado potencial de envelhecimento. Entre as castas que mais se destacaram este ano pelo seu desempenho, encontramos, nos Porto tintos, a Tinto Cão, Sousão e Touriga Nacional.

Neste momento, e depois de terminada a vindima, acreditamos que esta nos deu vinhos do Porto de enorme qualidade e com grande poder de envelhecimento. Teremos, no entanto, que esperar ainda pela passagem dos meses mais frios no Douro, para percebermos realmente como será a evolução destes vinhos.

“Os vinhos brancos são aromáticos e frescos, mostrando um corpo fenomenal, enquanto os tintos são elegantes, perfumados e com taninos significativamente intensos, o que sinaliza um grande potencial de envelhecimento.”

Carlos Alves, Diretor de Viticultura e Enologia da Sogevinus

Vinhos DOC Douro vibrantes e sensoriais

Este ano os tintos DOC Douro apresentam-se com um corpo médio e, simultaneamente, menos alcoólicos. A sua acidez média é um pouco inferior à registada nos anos anteriores, mas bem balançada com o álcool deste ano, o que resulta em vinhos equilibrados, com bom tanino. Apresentando-se, nesta fase, já muito suaves e cremosos, deixam adivinhar um caráter próprio de vinhos de boa qualidade. Um debruçar sobre as castas revela uma Touriga Nacional fresca e aromática, com notas de flor de laranjeira e de violetas, que surge na boca de forma muito delicada e fina. Identificamos também uma Tinta Roriz muito mineral, com boa acidez e presença de fruta fresca, e uma Sousão com boa cor, encorpada e já muito aveludada na boca. Percebemos que este foi um ano especialmente generoso para a Touriga Franca, já que o intenso calor que se fez notar e a pouca água no solo fizeram com que esta casta se expressasse muito bem. Com bagos e cachos mais pequenos que o habitual, deu origem a vinhos com uma bela estrutura e uma cor vibrante, conferindo-lhes um corpo sério, com notas frutadas e florais que fazem lembrar amoras e flores de rosas. As vinhas velhas produziram vinhos com uma identidade muito própria, fiel às diferentes vinhas e quintas que lhes dão origem. São vinhos equilibrados, com boa estrutura, cores fortes e uma acidez bem presente.

Em relação aos brancos DOC Douro, encontramos, de um modo geral, vinhos frescos, frutados e com uma boa boca. Os vinhos provenientes das cotas mais altas evidenciam ainda uma forte sensação mineral. A casta Folgazão revela-se com uma boa estrutura – superior àquela que é normal para o perfil deste tipo de uva –, trazendo uma rica complexidade aromática e muita frescura, sem, no entanto, perder a sua tradicional elegância. Na Viosinho, encontramos um equilíbrio perfeito entre açúcar e acidez, o que proporciona vinhos estruturados, encorpados, com bom teor alcoólico, muito florais e com ligeiras notas de anis e pêssego. Também com boa estrutura e alguma complexidade, a casta Gouveio entrega-nos fruta fresca, tipo damasco não muito maduro. Já a Malvasia Fina manifesta algumas notas de fruta tropical, como maracujá e ananás. Por sua vez, a casta Fernão Pires surge rica na estrutura e apresenta-se com compostos aromáticos fortes, fruta cítrica, nomeadamente laranja, acompanhada de ligeiras sensações de flor de tília. A última casta branca a ser vindimada foi a Arinto, das vinhas mais altas, que nos presenteou com vinhos com uma acidez bem presente, de cor citrina e com uma forte mineralidade, elevando as sensações de maçã verde, limão e algumas notas de maracujá.

Expectativas promissoras

Terminada a vindima, é com grande expectativa que aguardamos os próximos capítulos. Os vinhos tintos estão, neste momento, a finalizar a fermentação malolática, enquanto que os brancos estão na fase de desabrochar. Numa primeira impressão pós-colheita, podemos dizer que estamos muito agradados com os resultados. Temos em mãos vinhos estruturados, perfumados e frescos, com bons precursores de envelhecimento, que perspetivam um futuro promissor.

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2020: Uma Vindima Silenciosa

2020 foi uma vindima curta e silenciosa. Na região do Douro, onde a época de vindimas é vivida com frenesim, num dia-a-dia em que trabalho árduo na vinha se mistura com a recepção de todos aqueles que aqui se deslocam, instalou-se um silêncio cúmplice da situação pandémica que assolou o mundo.

A própria natureza, com a intensificação das alterações climáticas, quis que esta vindima fosse célere e curta obrigando a um esforço de equipas para acolher às maturações simultâneas que aconteceram um pouco por toda a região. Com uma produção mais baixa, da vindima 2020 resultaram mostos de boa qualidade, com elevados teores de açúcar, bons níveis de acidez e de compostos fenólicos.

Conservar a pureza do fruto para garantir a expressão de todo o seu potencial nas especificidades deste ano de vindima foi, sem dúvida, um grande desafio, tanto fora como dentro da adega

Ricardo Macedo, enólogo responsável pelos vinhos tranquilos Sogevinus Fine Wines

O ano vitivinícola de 2020 na região do Douro: a intensificação das alterações climáticas e consequentes interferências no ciclo vegetativo

O Inverno do ano vitícola 2019/20 foi quente e seco. O início da Primavera, também ela quente, registou uma precipitação ligeiramente superior à NC, sobretudo no mês de Abril a Maio o que possibilitou a reposição natural da água no solo para o bom desenvolvimento da videira.

No entanto, se os níveis de precipitação foram considerados relativamente normais para a região, o mesmo não se pode dizer das temperaturas registadas, sempre bastante acima do normal. Às ondas de calor que assolaram a região em Junho, Agosto e Setembro, com temperaturas máximas a superarem os registos dos últimos 30 anos, acresce um mês de Julho com valores extraordinariamente quentes. Na estação meteorológica da Quinta de São Luiz, no Cima-Corgo, registaram-se 3,3º graus acima da NC habitual desse mês. De acordo com o IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) o período de Janeiro a Setembro de 2020 foi, efectivamente, o mais quente de sempre.

Com um avanço de aproximadamente duas semanas em relação à média da região, o ciclo vegetativo ficou primeiramente marcado por um ataque de pragas nos meses em que as condições meteorólogas foram mais favoráveis às doenças, sendo Abril e Maio os períodos mais críticos.

Já no início do Verão, as temperaturas elevadas despoletaram uma série de reacções naturais na vinha como por exemplo um menor número de cachos por videira situação que se acentuou com a desidratação verificada a partir de Setembro, fazendo, portanto, prever desde logo uma quebra em quantidade face à campanha de 2019.

A vindima iniciou-se em Agosto, com tempo seco e temperaturas moderadas, o que proporcionou maturações graduais. Com a chegada do mês de Setembro, e com as maturações a avançarem muito rapidamente, foi necessário ajustar toda a logística das equipas de vindima para garantir a chegada das uvas à adega nas melhores condições, apresentando um estado sanitário óptimo.

“A orografia do Douro com a sua diversidade de solos, exposições e altitudes, aliada à aposta nas castas autóctones mais resistentes e à utilização de práticas sustentáveis na vinha (como a manutenção de um coberto vegetal e a instalação de corredores ecológicos), permitem-nos enfrentar ano após ano a intensificação das alterações climáticas”, salienta Márcio Nóbrega, responsável de Viticultura da Sogevinus Fine Wines. “A evolução da viticultura de precisão e a utilização de técnicas inovadoras de controlo de pragas e de protecção da biodiversidade são, actualmente, factores decisores para que, ano após ano, consigamos vindimar uvas com excelente qualidade apesar de todas estas adversidades”, acrescenta.

Com o Inverno a chegar, os vinhos brancos começam a revelar-se enquanto que os tintos ainda estão a finalizar a fermentação maloláctica. Em adega temos vinhos com excelente estrutura, aromáticos, frescos, com pergaminhos de envelhecimento que perspetivam um futuro muito promissor para os vinhos da vindima de 2020

Ricardo Macedo, enólogo responsável pelos vinhos tranquilos Sogevinus Fine Wines

Vinhos DOC Douro: quatro quintas distribuídas pelas três sub-regiões do Douro onde as maturações marcaram o passo acelerado da vindima

“Com uma janela de maturação muito curta (em relação a anos anteriores) na maioria das castas, a atenção ao detalhe em cada parcela, o controlo permanente do estado de maturação das uvas e a rapidez de decisão de corte da uva foram fatores-chave para a obtenção de vinhos com enorme potencial qualitativo”, explica Ricardo Macedo - enólogo responsável pelos vinhos tranquilos da Sogevinus. “Face à rápida desidratação verificada na vinha foi igualmente importante o cuidado na recepção na adega, a selecção das uvas bem como a sua respectiva vinificação”, acrescenta.

A aceleração das maturações da uva em Agosto, quase em simultâneo nas três sub-regiões do Douro, foi o mote para o início de uma vindima precoce, cujo sucesso dependeu em larga escala da programação das prioridades tendo em conta o tipo de vinho e a qualidade pretendida. Foi, portanto, essencial começar por definir a quantidade de uva a vindimar por dia, para fixar necessidades de transporte e assegurar a forma de vinificação mais adequada. Neste cenário, a recente câmara de frio na recepção da adega de São Luiz foi essencial já que serviu de pulmão para uma boa triagem na adega. “Conservar a pureza do fruto para garantir a expressão de todo o seu potencial nas especificidades deste ano de vindima foi, sem dúvida, um grande desafio, tanto fora como dentro da adega”, explica Ricardo Macedo.

Em prova, os vinhos tintos deste ano apresentam-se com bom corpo, cor e uma excelente frescura. Com teores alcoólicos um pouco superiores aos anos anteriores, os vinhos estão bastante equilibrados com bons taninos, muito suaves e cremosos, o que nos deixa antever a produção de vinhos de qualidade superior.

Ao nível das castas tintas a Touriga Nacional revela-se fresca e aromática com notas de flor de laranjeira e violetas, sendo muito delicada e elegante em boca. A Tinta Roriz destaca-se pela sua mineralidade, com uma excelente acidez e notas de fruta fresca. Já o Sousão exibe-se retinto, encorpado e muito aveludado na boca. De realçar ainda a excelente forma da Touriga Franca, fruto do binómio calor e baixos níveis de água no solo, o que permitiu que esta casta se expressasse muito bem, com bagos mais pequenos do que o normal e menor produção por planta. Daqui resultaram vinhos de cor vibrante, com uma bela estrutura, corpo sólido e um bouquet de notas frutadas e florais que fazem lembrar amora e flores de rosas.

Por fim, das nossas Vinhas Velhas da Quinta de São Luiz e da Quinta da Boavista nasceram vinhos de cor vibrante, com uma identidade muito própria, característica das diferentes vinhas que lhes estão na origem. Vinhos equilibrados, com excelente estrutura e frescos.

Em relação aos brancos temos de um modo geral vinhos frescos, frutados e com uma boa boca. Os vinhos provenientes de cotas mais altas conjugam a fruta com uma boa acidez, fruto de uma vindima cirúrgica e atempada de acordo com o estado da maturação da uva.

Das castas brancas, destacam-se o Folgazão pela sua estrutura mais sólida do que o habitual, excelente complexidade aromática, frescura e a elegância que lhe é característica. No Viosinho encontrámos um equilíbrio perfeito entre açúcar e acidez, o que proporciona vinhos estruturados, encorpados, com bons teores alcoólicos, muito florais e com ligeiras notas de anis e pêssego. Já a Malvasia Fina apresenta algumas notas de fruta tropical, com nuances de maracujá e ananás. O Gouveio prima pela sua estrutura e complexidade, com notas de fruta fresca tipo damasco não muito maduro. á o Fernão Pires surge rico na estrutura e com compostos aromáticos fortes, fruta cítrica como laranja e ligeiras nuances de flor de tília. O Arinto, proveniente de vinhas a cerca de 500 metros de altitude, foi uma das últimas castas brancas a ser vindimada, resultando em vinhos com uma acidez bem presente e mineralidade vincada que realçam apontamentos de fruta fresca como maçã verde, limão e algumas notas de maracujá, embora não tão presente este ano.

“Com o Inverno a chegar, os vinhos brancos começam a revelar-se enquanto que os tintos ainda estão a finalizar a fermentação maloláctica. Em adega temos vinhos com excelente estrutura, aromáticos, frescos, com pergaminhos de envelhecimento que perspetivam um futuro muito promissor para os vinhos da vindima de 2020”, sintetiza Ricardo Macedo.

A vindima de 2020 ficou marcada por uma série de adversidades que fizeram deste um dos anos mais desafiantes ao longo da minha carreira. Precoce e curta esta foi uma vindima que superou todas as expectativas e partir da qual acreditamos que vai ser possível produzir vinhos de excelente qualidade

Carlos Alves, enólogo responsável pelos Vinhos do Porto e Master Blender

Vinhos do Porto: fermentações mais longas que permitiram uma boa extracção de cor e taninos.

Nos Vinhos do Porto, os mostos tintos revelam elevada concentração de açúcar aliada a uma excelente intensidade corante, com sabores e aromas extremamente limpos. No que diz respeito aos mostos de uvas brancas, apresentam aromas de fruta exótica fresca, com um volume de boca cheio e longo.      

As castas tintas com melhor desempenho nos Vinhos do Porto foram a Touriga Nacional, o Tinto Cão e o Sousão. Já nas brancas, destacamos a performance do Viosinho, Arinto e Malvasia Fina.

“Esperamos agora pelos Invernos rigorosos do Douro para que os vinhos demonstrem o seu potencial, mas atrevo-me a dizer que temos na adega grandes vinhos do Porto, com enorme potencial de envelhecimento” refere Carlos Alves, enólogo responsável pelos Vinhos do Porto. “A vindima de 2020 ficou marcada por uma série de adversidades que fizeram deste um dos anos mais desafiantes ao longo da minha carreira. Precoce e curta esta foi uma vindima que superou todas as expectativas e partir da qual acreditamos que vai ser possível produzir vinhos de excelente qualidade”, conclui o enólogo.

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O Grupo Sogevinus apresenta os seus Vintages 2018

Quatro casas, dois terroirs de excepção e o reflexo da região do douro num ano de contrastes

Depois de um ano desafiante, a Sogevinus lança dois Single Vineyard Vintages e dois Classic Vintages, todos reflectindo a autenticidade e o estilo de cada uma das suas Casas de Vinho do Porto.
Os terroirs excepcionais da Quinta de São Luiz, situada no Cima-Corgo, e do Arnozelo, no Douro Superior, resultaram em dois Single Quinta Vintages, cada um com o perfil e carácter das suas casas, Kopke e Burmester, respectivamente. Entretanto, Cálem e Barros lançam dois Vintages Clássicos que refletem a rica diversidade da região do Douro.

“2018 foi um ano particularmente desafiante marcado por condições climáticas adversas que resultaram numa menor produção mas que recompensou, contudo, pela sua excelente qualidade. Face à menor quantidade de uva a entrar na adega, conseguimos observar e acompanhar ao detalhe as fermentações dos primeiros mostos, pelo que a excelência da matéria-prima revela-se agora em vinhos excecionais que retratam na sua essência o perfil de cada uma das Casas”, contextualiza Carlos Alves, enólogo para Vinhos do Porto da Sogevinus Fine Wines.

“Generalizando, os Vintages 2018 destacam-se pela sua frescura, elegância e excelente equilíbrio entre a doçura e a acidez”, acrescenta a enólogo.

Kopke, Quinta de S. Luiz Vintage 2018

A Quinta de S. Luiz, situada na margem esquerda do rio Douro na sub-região do Cima Corgo, viveu um ano vitivinícola marcado por contrastes: um Inverno extramente seco e frio, seguido de uma forte precipitação na Primavera que se estendeu até ao início do Verão, com episódios de granizo. Por fim, um Agosto e Setembro marcados como os meses mais quentes dos últimos anos a atingir temperaturas máximas médias de 35,9ºC, registadas na estação meteorológica da Quinta de São Luiz. Apesar das elevadas temperaturas no Verão, a folhagem protegeu os bagos do escaldão e a vinha conseguiu extrair do solo a água e os nutrientes necessários que permitiram vindimar as uvas com excelente estado sanitário e com boa maturação.

Foi neste contexto que se selecionaram uvas de cotas médias e baixas, de exposição norte / noroeste, provenientes exclusivamente das parcelas plantadas entre os 110 e os 135 metros de altitude, para produzir este Vintage da Quinta de São Luiz. Do lote fazem parte a Touriga Nacional – que lhe atribui frescura e notas de fruta – e uvas provenientes de Vinhas Velhas, com mais de 80 anos, que lhe conferem assertividade e concentração.

De cor retinta, concentrado, com um nariz fresco e exuberante onde sobressaem notas de fruta negra madura em camadas, este Vintage destaca-se pela sua estrutura e equilíbrio com um tanino bem presente, a marcar o estilo dos Vintages Single Quinta da Casa Kopke. A acidez crocante combinada com as diferentes camadas de fruta fresca tornam este vinho guloso e com um final de boca intenso, que lhe advinha um enorme potencial de envelhecimento.

Foram produzidas apenas 4.783 garrafas deste Vintage de forma a dar continuidade ao legado da mais antiga Casa de Vinho do Porto que tem como berço a histórica Quinta de São Luiz.

Burmester, Quinta do Arnozelo Vintage 2018

Na Quinta do Arnozelo, situada na sub-região do Douro Superior, a vindima das uvas para Vinho do Porto arrancou apenas a 13 de Setembro, reflexo de um Inverno frio e seco, seguido de uma Primavera particularmente chuvosa que atrasou o ciclo vegetativo. O clima quente do Verão potencializou as reservas de água do subsolo, o que permitiu vindimar uvas de excelente qualidade. Nesta Quinta, destacam-se as performances da Touriga Franca, de parcelas a 200m de altitude e viradas a nascente, e da Touriga Nacional exposta a nordeste a 280 m de altitude. À elegância e riqueza aromática da Touriga Nacional, alia-se a concentração e estrutura da Touriga Franca que, em igual percentagem, compõem o lote deste fascinante Vintage da Quinta do Arnozelo.

De tonalidade vermelha intensa com laivos violeta, este vinho assume o perfil da Burmester num registo mais elegante e perfumado que seduz pela sua riqueza aromática, concentração de fruta e taninos vibrantes que conferem ao vinho uma grande finesse. Com um final longo e intenso, este vinho é a mais pura expressão da excelência do terroir da Quinta do Arnozelo.

Foram produzidas apenas 6.405 garrafas do Quinta do Arnozelo Vintage 2018. Uma edição limitada de um Single Quinta Vintage com o carácter distintivo da Casa Burmester.

Cálem Porto Vintage 2018

Os Vintages Clássicos da Cálem nascem no Douro Superior, expressão de um mosaico de terroirs que traçam o perfil clássico da marca. Fruto de um blend de uvas de diferentes parcelas de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Sousão, que compõem este lote. O Vintage da Cálem mantém a consistência da identidade da Casa: vinhos com perfil mais robusto marcado pela estrutura e pela fruta madura.

Concentrado, este Vintage apresenta uma cor púrpura intensa, antecâmera de um nariz marcado por fruta negra bem madura com agradáveis notas de especiaria e cacau. Vigoroso e intenso com um tanino bem firme, é um vinho cheio e volumoso onde a sua acidez assertiva confere-lhe uma estrutura única antecipando um grande potencial de guarda.

Foram produzidas apenas 4.435 garrafas do Vintage Cálem 2018, nesta categoria que vem sendo um clássico desta Casa.

Barros Porto Vintage 2018

O coração do Douro, em plena sub-região do Cima-Corgo, é o berço do Vintage Clássico da Barros, um vinho com um perfil mais delicado, mineral e balsâmico.
A Touriga Nacional, a Touriga Franca e a Tinta Roriz são as três castas base para o lote deste Vintage que contempla ainda uma pequena percentagem de Sousão.
De tonalidade vermelha intensa, este Vintage destaca-se pelo seu nariz perfumado onde as notas florais se conjugam com notas de fruta fresca e especiarias. Um vinho voluptuoso, com taninos bem integrados, suculento, com estrutura afirmativa e um apetitoso final.
Um Vintage com um perfil atraente que lhe permite ser desfrutado ainda jovem, ideal para quem se inicia na categoria, não obstante o seu potencial de guarda.
Foram produzidas apenas 3.735 garrafas deste Vintage Clássico da Barros, uma Casa protagonista da história do Vinho do Porto escrita em português.

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Sogevinus Relatório de Vindima 2019

2019, o reflexo de um ano com uma janela de maturação longa num Douro assolado pela falta de mão-de-obra

Dado o longo período de amadurecimento deste ano, a atenção aos detalhes em cada parcela e o monitoramento rigoroso da maturação das uvas foram fatores-chave para a obtenção de vinhos com grande potencial e bela frutificação

Márcio Nóbrega, Head of Viticulture at Sogevinus Fine Wines

O ano vitivinícola de 2019 na região do douro.

O ano vitícola 2018/19 apresentou um Inverno seco e frio, com níveis de precipitação mais baixos face à Normal Climatológica (NC). Novembro foi a única excepção, com valores acima da média.

A Primavera surgiu quente e seca, à excepção do mês de Abril em que a precipitação foi ligeiramente superior à NC. A quase ausência de chuva entre Maio e o final do Verão (na Quinta de S. Luiz, na sub-região do Cima- Corgo, os níveis de precipitação foram de -30% face à média) não foi, contudo, dramática uma vez que as temperaturas registadas foram ligeiramente abaixo do normal, com as máximas sempre inferiores aos valores dos últimos anos.

As amplitudes térmicas registadas em Agosto e Setembro foram bastante favoráveis à maturação das uvas. A ausência de chuva acompanhada das temperaturas altas, normais na Região do Douro, a par de noites frescas contrastaram com os excessos verificados nos Verões dos últimos anos.

O ciclo vegetativo iniciou-se na 2ª quinzena de Março, mantendo-se sempre em linha com os valores médios para a região. A problemática de doenças e pragas para o ano 2019 não apresentou especial significado uma vez que as condições meteorólogas foram sempre desfavoráveis ao aparecimento de doenças.

A vindima iniciou-se com tempo seco e temperaturas moderadas, que proporcionaram maturações graduais. Ao fim de um mês de vindima, a fraca precipitação de 21 e 22 de setembro motivou uma pequena pausa, o que permitiu a finalização da maturação de algumas parcelas. As uvas apresentaram um estado sanitário ótimo.

Dado o longo período de amadurecimento deste ano, a atenção aos detalhes em cada parcela e o monitoramento cuidadoso da maturação das uvas foram fatores-chave para a obtenção de vinhos com grande potencial e belos frutos.

Ricardo Macedo, enólogo responsável pelos vinhos tranquilos Sogevinus Fine Wines

Vinhos DOC Douro

A vindima na Quinta de S. Luiz começou a 22 de Agosto e terminou a 24 de Setembro.

A casta Viosinho, proveniente da cota mais baixa da quinta de S. Luiz, a 200 m de altitude, cujas análises de controlo de maturação apresentavam já bons teores de álcool e excelente acidez, marcou o arranque desta vindima.

Cerca de duas semanas mais tarde, a 5 de Setembro, iniciou-se a vindima de uvas tintas na Quinta de S. Luiz. As Vinhas Velhas plantadas nas cotas mais baixas da quinta foram as primeiras parcelas a serem vindimadas. Já a Touriga Franca, proveniente das cotas a 250 metros, marcou o fim da vindima na Quinta de S. Luiz, a 24 de Setembro.

Na Quinta do Arnozelo, situada no Douro Superior, iniciamos a vindima das uvas brancas a 28 Agosto, com a casta Viosinho. As uvas tintas começaram a ser vindimadas a 6 de Setembro com a casta Touriga Nacional proveniente das quotas mais baixas.

Com as maturações a ocorrerem num período mais longo de forma desfasada em todas as castas e sub-regiões, foi necessário programar um acompanhamento constante dos diferentes talhões nas 3 Quintas, para que os trabalhos de corte, transporte e recepção na adega permitissem cuidar a uva no seu estado óptimo, extraindo todo o potencial do terroir. O controlo constante do grau de maturação das uvas permitiu-nos uma vinificação cuidada e controlada para que o fruto fosse preservado no seu exponencial.

Em prova, os vinhos tintos deste ano apresentam-se com bom corpo, cor e uma excelente acidez. Os teores alcoólicos foram um pouco inferiores ao ano anterior, originando vinhos muito equilibrados com bons taninos, muito suaves e cremosos, o que nos deixa antever a produção de vinhos de qualidade superior.

A Touriga Nacional revela-se fresca e aromática com notas de flor de laranjeira e violetas, e muito delicada e elegante em boca. A Tinta Roriz, por sua vez, apresenta-se muito mineral, com acidez e fruta fresca. O Sousão, vindimado mais cedo, exibe-se retinto, encorpado e muito aveludado na boca. De salientar o excelente comportamento da Touriga Franca em 2019. As altas temperaturas, aliadas ao baixo nível de água no solo, permitiu que esta casta apresentasse o esplendor da generosidade da sua fruta.

As Vinhas Velhas da Quinta de S. Luiz originaram vinhos muito equilibrados em termos de álcool e acidez, o que proporcionou vinhos com uma bela estrutura e cor vibrante, conferindo-lhe um corpo sério, com notas frutadas e florais, fazendo lembrar amora e flores de laranjeira.

Em relação aos brancos temos de um modo geral vinhos frescos, frutados e com uma boa boca. A Malvasia Fina apresenta algumas notas de fruta tropical, maracujá e ananás, muito presentes também no Cercial. O Folgasão revela-se com uma estrutura surpreendente e com notas muito frescas, mineral e frutado. No Viosinho encontrámos um equilíbrio perfeito entre açúcar e acidez, o que proporcionou vinhos estruturados, encorpados, com bons teores alcoólicos, muito florais e com ligeiras notas de anis, pêssego e flor de tília. O Gouveio surge rico na estrutura e com bons compostos aromáticos, fruta cítrica, a lembrar laranja e ligeiras notas de panificação. As últimas castas brancas a serem vindimadas foram o Rabigato e o Arinto das vinhas mais altas (550 metros de atitude), que nos presentearam com vinhos de acidez bem presente, cor citrina, com uma forte mineralidade, salientando apontamentos de maçã verde, limão e algumas notas de maracujá.

“Com o Inverno a chegar, os vinhos brancos começam a revelar-se enquanto que os tintos ainda estão a finalizar a fermentação maloláctica. Em adega temos vinhos com excelente estrutura, perfumados, muito frescos, com bons percursores de envelhecimento que perspetivam um futuro muito promissor para os vinhos da vindima de 2019”, sintetiza Ricardo Macedo.

“Assolado pela escassa mão-de-obra, a vindima de 2019 recompensou o esforço e o trabalho árduo na adega com vinhos muito frescos, aromáticos e de grande intensidade corante.”

Carlos Alves, enólogo responsável pelos Vinhos do Porto Sogevinus Fine Wines

Enologia Vinhos do Porto

A vindima proporcionou-nos uvas sãs, com um estado de maturação equilibrado entre os açucares e os ácidos, não sendo 2019 um ano de elevada concentração de açúcar nas uvas.

Nos Vinhos do Porto, os mostos revelam-se frescos, aromáticos, com tanino assertivo e de grande intensidade corante. No comportamento por castas destaca-se a Touriga Franca pela sua concentração em cor e aromas de fruta negra, a Touriga Nacional pela elegância e o Sousão pela intensidade corante e frescura irrepreensível.

“Esperamos agora pelos Invernos rigorosos do Douro para que os vinhos demonstrem o seu potencial, mas atrevo-me a dizer que estamos perante um dos melhores anos da década depois dos anos clássicos de 2011, 2016 e 2017”, refere Carlos Alves antevendo uma nova chama no sector.

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Todos têm por base uvas do Douro Superior e Cima Corgo, revelam-se excelentes opções para harmonizar com gastronomia diversificada e acompanhar momentos de consumo quotidiano.

A Burmester está a lançar no mercado quatro novos vinhos – brancos da colheita 2017 e tintos das colheitas 2016 e 2017.

Os DOC Colheita Burmester e DOC Tavedo estreiam a nova imagem da Casa Burmester. O principal desafio esteve em conciliar o longo historial, que remonta a 1750, com os conceitos de elegância e de sofisticação que também desde sempre lhe estão associados. A nova imagem reflete isso mesmo, seguindo uma linha gráfica e um código de cores que contribuem para reforçar os valores da marca.

Sob a chancela da Casa Burmester, a gama Tavedo apresenta-se ao mercado para um consumo mais imediato e descontraído.

«Respeitar os terroirs do Douro Superior Cima Corgo e transmitir aos vinhos o carácter das castas tradicionais da região» foram os objectivos de Ricardo Macedo, o enólogo dos vinhos DOC da Sogevinus Fine Wines. "O Nosso objetivo é ter uma intervenção mínima nesses vinhos, nos quais preservamos a pureza do fruto e a serenidade do solo xistoso".

" Respeite os terroirs do Douro Superior Cima Corgo e transmita aos vinhos o carácter das castas tradicionais da região."

Ricardo Macedo, enólogo de vinhos DOC da Sogevinus Fine Wines.

Burmester Tinto 2016

Notas de prova

Elaborado a partir de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, plantadas em xisto a altitudes entre os 250 e os 400 metros, o Burmester tinto 2016 mostra-se firme e equilibrado, revelando bastante elegância e final longo.

Burmester Branco 2017

Notas de prova

O Burmester branco 2017, blend de Malvasia Fina, Gouveio e Rabigato, de vinhas entre os 300 e os 550 metros, revela um nariz de sílex, é muito fresco e delicado.

Tavedo Tinto 2017

Notas de prova

O Tavedo tinto 2017 (3,99€) combina Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Barroca e Touriga Nacional. Muito apelativo, apresenta notas de fruto vermelho e fruto silvestre.

Tavedo Branco 2017

Notas de prova

Tavedo branco 2017 é obtido a partir de Malvasia Fina, Gouveio, Rabigato, Folgazão e Cerceal. Jovial, mostra frescura em boca até final.