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A vindima de 2018 poderá sintetizar-se numa afirmação muito breve: menor produção mas muito boa qualidade.

SOGEVINUS - RELATÓRIO DE VINDIMA 2018

Inicio dia 22 de agosto / fim dia 19 de outubro

Quintas: num total de 210 hectares de vinhas próprias, e viticultores da região:

Equipa de enología:

  • Carlos Alves
  • Ricardo Macedo
  • Carla Tiago
  • Yara Pereira

Equipa de viticultura:

  • Márcio Nóbrega
  • Goreti Fonseca

VITICULTURA

E, uma vez mais, o Douro beneficou da diversidade de terroirs.

O ano iniciou-se com um frio e seco inverno. A primavera continuou fria embora muito chuvosa, o que motivou um atraso no arranque do ciclo vegetativo. Março saldou-se numa pluviosidade duas vezes superior à média, com Abril e Maio a apresentarem valores semelhantes à normal climatológica (NC).

Junho registou episódios de chuva e de granizo, que em alguns locais do Douro representaram uma perda significativa de produção ,sendo valores igualmente elevados, duas vezes superiores à média.

Os condições atmosféricas no final da primavera e no início do verão propiciaram o surgimento de algumas dificuldades na vinha, em particular de míldio. O cuidado e a pronta resposta dos viticultores permitiu salvaguardar as vinhas e preservar o crescimento qualitativo do fruto.

O resto do verão foi bastante quente e seco, tendo Agosto e Setembro sido dos meses mais quentes dos últimos anos. Na Quinta de S. Luiz, sub-região do Cima Corgo, as temperaturas máximas em Agosto fixaram-se numa média de 35,9ºC.

Ocorreram períodos de escaldão, que motivaram algumas perdas. Nas vinhas onde a folhagem protegeu melhor os cachos, a maturação foi muito correta. Apesar das elevadas temperaturas no verão, a planta conseguiu extrair do solo a água e os nutrientes necessários que facultaram um ótimo estado sanitário no momento da colheita.

O permanente xadrez de solos, altitudes e castas contribuiu decisivamente para a obtenção de uvas de excelente qualidade. Sim, 2018 foi um ano quase imprevisível mas, no entender da equipa de viticultura da Sogevinus, saldou-se numa colheita que perspetiva grandes vinhos.

VINHOS DO PORTO

A expetativa de evolução é positiva.

Face à menor quantidade de uva a entrar na adega, a equipa de enologia da Sogevinus dedicou uma boa parte do tempo de vindima a uma observação mais pormenorizada da matéria-prima , acompanhando ao detalhe as fermentações dos primeiros mostos.

Atentendo ao ano desafiador que o Douro , enfrentou Portugal a generalidade do fruto que apresentava menor condição simplesmente não resistiu, e aquele que entrou nos nossos centros de vinificação apresentou-se em muito bom estado sanitário, sendo nalguns casos verdadeiramente excecional.

Nos vinhos do Porto, os mostos revelam muita intensidade corante, taninos firmes e densos, aromaticamente ainda reservados nesta fase.

No comportamento por castas, a exemplo dos anos mais recentes a Touriga Franca volta a ser protagonista, garantindo vinhos muito concentrados. Touriga Nacional e Tinta Roriz também suscitam interesse, mas será necessário aguardar pelo próximo inverno para perspetivar com maior grau de exatidão quais os lotes que possuem as características únicas para serem a base dos vinhos das categorias especiais.

A expetativa de evolução é, portanto, bastante positiva.

VINHOS DOC DOURO

No vinho, saber esperar pelo momento certo é sempre uma virtude.

Na elaboração de vinhos DOC da vindima 2018 o segredo esteve na temporização. Respeitar o ritmo de cada variedade em cada localização obrigou a uma gestão permanente da maturação da uva na vinha e do tempo de entrada em adega. Desta vez, a longa espera compensou.

Os brancos mostram-se frescos e aromaticamente atraentes, com muito boa acidez que desde logo antecipa potencial de envelhecimento. O Viosinho por exemplo, apresenta um equilíbrio perfeito. Outras castas brancas – como a Malvasia Fina, o Gouveio, o Rabigato, o Arinto e Folgasão - revelam pergaminhos para blends muito interessantes, com as uvas oriundas das encostas mais altas (acima dos 550 metros) a expressarem uma pureza e delicadeza extra.

Em relação aos uvas tintas, a Touriga Franca revelou igualmente um comportamento irrepreensível, beneficiando do facto de ser uma casta que convive bem com temperaturas elevadas. Touriga Nacional preservou a componente floral, a delicadeza e a finura; Tinta Roriz surge muito fresca e tensa; e o Sousão, vindimado cedo, sublinha os descritores retinto e encorpado.

Derradeira nota para as vinhas velhas, que manifestam um profundo equilíbrio entre fruta silvestre e apontamentos florais, com estrutura firme e frescura final que indiciam bastante conservação.

No vinho, saber esperar pelo momento certo é sempre uma virtude. E todos sabemos que os grandes vinhos necessitam de tempo.